Nesta segunda-feira (20), associações indígenas da Terra Indígena Yanomami divulgaram uma Nota de Repúdio contra a criação de uma nova Comissão Externa na Câmara dos Deputados, liderada por Artur Lira, para investigar a crise humanitária no território.
O documento afirma que o "grupo é formado por deputados ligados ao governo Bolsonaro que historicamente são contra os direitos dos povos indígenas."
“Manifestamos nosso repúdio e indignação por mais uma ação truculenta da Câmara dos Deputados que, longe de manifestar preocupação e compromisso com nosso povo, pretende utilizar a dor e a morte do povo Yanomami e Ye’kwana para objetivos simulados de disputas políticas e de defesa do garimpo e da mineração em territórios indígenas”, destaca a nota.
Outras 78 organizações também assinaram a carta, expressando indignação com a tentativa da Câmara de usar a situação dos Yanomami e Ye’kwana para objetivos políticos e em defesa do garimpo. Duas Comissões anteriores já identificaram o descaso do Estado, o aumento do garimpo e a falta de atendimento médico como principais causas da crise.
“O descaso e omissão do Estado brasileiro, principalmente durante o governo Bolsonaro, o garimpo e o abandono da saúde indígena foram as principais causas da crise humanitária”.
“Esses parlamentares são contra os povos indígenas do Brasil. Eles nunca deram nenhum apoio para as populações indígenas da terra Yanomami. Queremos respeito às lideranças tradicionais e as associações. Como Yanomami, não vimos nenhum desses deputados defendendo os povos indígenas, eles são contra os nossos direitos, são a favor do marco temporal. O Congresso Nacional é contra os povos indígenas!”, disse o vice-presidente da HAY, Dário Kopenawa.
As organizações exigem respeito aos povos indígenas, criticando a postura dos deputados pró-garimpo e contrários à demarcação de terras. Pedem medidas para garantir saúde, vida e proteção dos territórios indígenas, além da revogação de leis prejudiciais e do combate ao garimpo na TI Yanomami. A nota reforça a importância do respeito aos direitos indígenas e à demarcação de terras.
“Estamos revoltados e repudiamos essa comissão nesta nota e queremos que as autoridades respeitem as nossas decisões. Não queremos esses deputados no nosso território. Eles precisam consultar o nosso protocolo de consulta, baseado na Convenção 169 da OIT”, finaliza Kopenawa.
“Não queremos que o sofrimento dos povos Yanomami e Ye’kuana sejam instrumentalizados para disputas políticas indecentes e antidemocráticas ou para defender o garimpo e a mineração nos territórios indígenas. É imoral, ilegal e inaceitável!”, reforça a carta.