Imagens de satélite divulgadas por um centro de pesquisa americano revelam uma expansão da base do Exército venezuelano na região fronteiriça com a Guiana, aumentando as preocupações em relação às tensões na área.
De acordo com o relatório publicado pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) em Washington, a Venezuela estaria expandindo suas operações militares na região do Essequibo, contrariando um acordo anterior de resolver a disputa territorial através do diálogo, em vez da força.
A movimentação de tropas e armas venezuelanas perto do rio Essequibo, uma área rica em recursos naturais reivindicada pelo regime de Caracas, tem gerado preocupação na Guiana. As tensões na região se intensificaram após a descoberta de grandes reservas de petróleo na costa da região, o que levou Georgetown a acionar a Corte Internacional de Justiça (ICJ) em Haia no final do ano passado.
O governo venezuelano, no entanto, não reconhece a autoridade da ICJ para arbitrar a disputa e prefere negociar diretamente com a Guiana. Analistas sugerem que a movimentação militar pode ser uma estratégia do presidente Nicolás Maduro para mobilizar seu eleitorado ou uma tentativa de pressionar a Guiana a compartilhar os ganhos com a exploração do petróleo.
Além disso, a presença militar na região tem levado a respostas de outros países. O Exército brasileiro enviou 28 blindados a Roraima para reforçar a segurança na fronteira com a Venezuela e a Guiana, enquanto os Estados Unidos anunciaram o estreitamento de cooperações bilaterais na área de defesa com a Guiana.
A disputa pelo Essequibo remonta ao século 19, mas se intensificou com a descoberta das reservas de petróleo. A Corte Internacional de Justiça deve levar vários anos analisando o caso até decidir a quem pertence o território, mas determinou liminarmente a Caracas que se abstenha de interferir no status atual do Essequibo.
Em entrevista à agência de notícias AFP, o ministro das Relações Exteriores da Guiana, Hugh Todd, afirmou que a movimentação militar venezuelana na fronteira é uma tentativa de forçar a Guiana a abandonar o julgamento sobre o Essequibo na ICJ e aceitar negociações bilaterais preferidas pela Venezuela.