Um estudo recentemente publicado na revista Emerging Infectious Diseases revelou que os vírus mayaro e chikungunya estão circulando simultaneamente no Estado de Roraima, fenômeno conhecido como cocirculação.
Esta descoberta surpreendeu os pesquisadores, que inicialmente esperavam que a alta taxa de infecção por um dos patógenos impediria a circulação do outro vírus.
O professor José Luiz Proença-Modena, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e um dos autores do estudo, explicou que, devido ao alto grau de compartilhamento antigênico entre o mayaro e chikungunya, acreditava-se que a infecção por um dos vírus protegeria contra o outro. No entanto, a presença simultânea de ambos os vírus foi constatada nas mesmas regiões.
“Como mayaro e chikungunya têm alto grau de compartilhamento antigênico, era esperado que uma infecção protegesse o indivíduo da outra. Ou seja, a crença era de que os anticorpos específicos e os linfócitos T [células do sistema imune] produzidos como resposta à infecção por um dos vírus tivessem a capacidade de reconhecer o outro. Entretanto, ao contrário disso, detectamos mayaro e chikungunya nas mesmas regiões”, diz.